As Pedras do Caminho…
Sozinha com a minha mágoa,
Sou como queda de água,
Que faz a cascata chorar.
Mas quando bate no chão,
Encontra sempre a razão,
Para o seu rumo tomar.
Desliza suave na descida,
E quando encontra uma subida,
Corre por outro lugar.
Está sempre em movimento,
Mas fica no esquecimento,
Por correr tão devagar.
Vai fazendo o seu caminho,
Luta às vezes no remoinho,
Para o seu rio formar.
Se com um obstáculo se cruza,
Faz uma linha obtusa,
Para o poder contornar.
Cerca-o de mansinho,
E é com um certo carinho,
Que o deixa ali ficar.
Sabe que não pode crescer sozinho,
E é com as pedras do caminho,
Que o seu caudal vai formar.
Parece que corre indiferente,
Mas engrossa a sua corrente,
Quando o querem desviar.
Tem o seu objectivo,
E sabe ser compassivo,
Para poder chegar ao mar.
Tem à espera o Pai amigo,
Ali tem o seu abrigo,
E é ali que quer chegar.
Conceição Ferreira
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