A Mentira
Às vezes fico cansada,
De lutar com este mundo,
É uma tarefa pesada,
Se nela pensar a fundo.
Há pouca sinceridade,
E às vezes a mentira vence,
E compromete a liberdade,
Daquele a quem convence.
Não sinto necessidade
De ser pessoa influente,
Nem vivo em ansiedade,
Se for aos outros indiferente.
Gosto sempre da verdade,
Gosto dela na minha frente,
Gosto de muita sinceridade,
Ou então fico doente.
Se mentir é ser esperto…
Loucura de muita gente,
Está da maldade tão perto,
Que não sabe ser decente.
Vejo o sorriso matreiro,
No rosto do inconstante.
Há um olhar traiçoeiro,
E o seu jeito é petulante,
Mentir é roubar,
A boa fé de alguém,
Não gosto de julgar,
Mas não me cai bem.
Não posso ignorar,
O que a mentira contém,
E o mal que pode causar,
Até que actue o bem.
O meu coração não concebe,
O que da mentira provém,
Mesmo que queira não cede,
E faz da justiça um bem.
Se alguém mente à minha frente
Para me poder manipular,
Não há nada mais urgente,
Que pela verdade lutar.
Abre-se no peito uma ferida,
Que já ninguém pode sarar,
A confiança ficou perdida,
Deixou-se de acreditar.
Quando se trata de um amigo,
O coração fica a sangrar,
E sente-se como mendigo,
Sem ter casa onde morar.
Só há um porto de abrigo,
Em que se pode confiar,
Só ELE protege do perigo,
E faz a justiça actuar.
Conceição Ferreira
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