
Depois de cada Inverno, nunca sabemos os ramos que em nós voltarão a florir, nem quais teremos perdido para sempre.
Nunca sabemos a duração de cada Inverno em nós: no
coração de alguns parece durar eternamente.
Perguntamos: quem nos trará a Primavera? Quem nos
devolverá a inocência dos pássaros e a frescura das manhãs?
É preciso gritar e deixar que a violência do grito
rebente no coração, como as trovoadas rebentam na terra as águas de Maio.
É preciso essa dor de nos deixarmos abrir, não ceder à tentação da fuga.
Fechados, tornamo-nos estranhos a nós
próprios, enlouquecidos e sós, perdemo-nos profundamente, morremos devagar.
É pelos outros que nos conhecemos e encontramos.
Construímo-nos em relação, num diálogo marcado pelo
amor, pela dádiva, pela tarefa de realizar um projecto de vida em que o outro
se constitua como referencial absoluto.
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